Di�logo e forma��o humanizam trabalho na constru��o civil, revela pesquisa da fau
Colocar oper�rios e arquitetos num mesmo n�vel e substituir a hierarquia vertical e a domina��o pelo di�logo: essa � a proposta do arquiteto Francisco Barros, autor de uma pesquisa de mestrado sobre o tema na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Barros identificou 24 a��es pedag�gicas dial�gicas que contribuem para uma forma��o mais humana e menos alienada dos profissionais da constru��o civil, tanto os oper�rios quanto os arquitetos e engenheiros, al�m dos limites impostos pelo capitalismo a cada uma dessas a��es.
As a��es pedag�gicas dial�gicas tentam aproximar n�o s� os trabalhadores dos produtos e rendimentos de seu trabalho, estimulando a autonomia e a forma��o de cooperativas, como tamb�m o projeto ao processo de constru��o, levando a uma maior organicidade entre os profissionais e a um reconhecimento do que cada um conhece. Com isso, o of�cio se torna mais realizador e mais humano para todos, que passam a ter liberdade para contribuir de fato com o projeto, j� que a domina��o e a explora��o existentes seriam substitu�das pelo di�logo.
A pesquisa envolveu tr�s experi�ncias de forma��o profissional que buscam superar a aliena��o imposta, por meio de formas de ensino e de execu��o em que todos participavam do processo completo de constru��o. O trabalho foi al�m da teoria e estudo: as experi�ncias n�o s�o meros estudos de caso, j� que Barros participou dos processos de forma��o profissional que est�o na pesquisa.
A primeira foi na Escola Municipal de Ensino Profissional em Constru��o Civil Madre Celina Polci, em S�o Bernardo do Campo, que oferece diversos cursos, como pintura, alvenaria, instala��es el�tricas e hidr�ulicas e decora��o. Os educandos recebem conte�do te�rico e cr�tico, jun��o que se reflete na disposi��o f�sica do espa�o: n�o h� divis�o entre o canteiro de obras e a sala de aula.
A segunda experi�ncia teve foco na forma��o dos organizadores: foi na disciplina T�cnicas Alternativas de Constru��o, da gradua��o em Arquitetura da pr�pria FAU. Nela, Barros trabalhou como estagi�rio dos docentes respons�veis, acompanhando as atividades dos estudantes no canteiro experimental. O objetivo da mat�ria � fazer com que os alunos conhe�am a pr�tica real da arquitetura, construindo-a com suas pr�prias m�os, integrando o saber e o fazer.
A �ltima foi a reforma de uma das casas da Escola Nacional Florestan Fernandes, entidade criada por militantes de movimentos sociais e trabalhadores sem terra. O trabalho foi realizado pela brigada socialista de constru��o da pr�pria escola, com participa��o de coletivos da FAU. Todas as quest�es referentes � obra eram debatidas em assembleia e decididas por meio do di�logo, sem hierarquia. Da� veio a ideia de fazer o telhado da casa de terra viva e grama, uma forma mais sustent�vel e menos dependente de materiais comumente usados, como ferro e concreto.
Nos tr�s casos, Barros colheu depoimentos e realizou entrevistas para identificar as dificuldades e os problemas de cada uma das iniciativas pedag�gicas. A partir delas, ele avaliou as experi�ncias e identificou os limites das a��es, bem como quais seriam as medidas adequadas para aperfei�o�-las no objetivo de tornar o ensino e o trabalho menos alienados.
Barros aponta os limites existentes na sociedade atual para tais pr�ticas. Eles s�o impostos pela organiza��o da sociedade capitalista, que oferece uma forma��o profissional insuficiente na grande maioria dos casos, voltada para a atua��o no mercado e visando apenas o trabalho numa �nica fun��o. O arquiteto aponta que esse processo torna os trabalhadores acostumados com a hierarquia verticalizada, em que alguns mandam e outros obedecem sem poder questionar.
De acordo com o pesquisador, essas formas de ensino combatem as tr�s formas de aliena��o apontadas por Karl Marx em seus manuscritos filos�ficos: a aliena��o do produto, que separa o prolet�rio do resultado de seu trabalho; a aliena��o do processo, que impede o trabalhador de participar de todas as etapas de produ��o, deixando-o confinado a uma delas, de forma mec�nica; e a aliena��o da esp�cie, que se d� pela abstra��o por meio do sal�rio.
No entanto, Barros ressalta que, apesar de cada a��o pedag�gica dial�gica combater uma forma de aliena��o, todas elas precisam ser tomadas em conjunto, j� que o trabalho alienado � um todo que s� pode ser superado por uma revolu��o e, como diz o pesquisador, n�o existe meia revolu��o.
A pesquisa do arquiteto foi orientada pelo professor Reginaldo Ronconi e contou com apoio da Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes) e da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp).
Fonte: USP
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