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    Rio Grande dos n�rdicos - dos espanh�is, portugueses, at� islandeses

    Descobertas h� cerca de uma d�cada por europeus em f�rias, as praias do Nordeste deram um passo � frente na escala da fidelidade tur�stica � � l� que espanh�is, portugueses, suecos e, principalmente, noruegueses est�o comprando casas para passar o ver�o.


    De todos os estados da regi�o, o Rio Grande do Norte, com 400 quil�metros de praia e 300 dias de sol por ano, � o mais procurado e, conseq�entemente, o que mais tem a oferecer. Nos �ltimos tr�s anos, foram constru�dos mais de trinta pequenos condom�nios para atender � demanda europ�ia. Agora � a vez dos grandes: nos pr�ximos quatro anos, dos 5,7 bilh�es de reais de investimentos privados em turismo previstos para o Rio Grande do Norte, mais de 2 bilh�es ser�o destinados � constru��o de casas e apartamentos para estrangeiros. Seis empreendimentos de grande porte (veja o mapa abaixo) come�am a entregar as primeiras unidades no ano que vem � se conseguirem as devidas licen�as ambientais, uma �rea sempre sujeita a problemas.


    Os im�veis s�o, na maioria, confort�veis, mas sem luxos, destinados a fam�lias de classe m�dia, felizmente o oposto do perfil dos viajantes interessados no execr�vel turismo sexual. A oferta, por�m, j� come�a a se sofisticar, atraindo para sua divulga��o nomes famosos como o ator espanhol Antonio Banderas e o jogador ingl�s David Beckham. O atleta veio na semana passada para fazer propaganda do Cabo de S�o Roque Resort, que ser� constru�do por um grupo de investidores noruegueses. O condom�nio de 1.350 casas ter� a primeira filial latino-americana da David Beckham World of Sport, escola de futebol e centro de treinamento do craque, que espera convencer times europeus a treinar l� no inverno. Tarefa definitivamente mais f�cil do que ensinar aos estrangeiros como se diz o nome do munic�pio onde ficar� o condom�nio, Maxaranguape.


    Na m�o contr�ria das dificuldades ling��sticas, � imposs�vel achar quem n�o tropece nos nomes do casal de noruegueses Torbjorn Alseth e Liv Reinholdt, mas a gentileza dos n�rdicos e o calor local, em todos os sentidos, derretem barreiras. "Isto aqui � o para�so para quem, como n�s, vive perto do c�rculo polar, numa cidade onde durante seis meses por ano s� se v� neve no ch�o e a temperatura chega a 20 graus negativos", compara o vermelho e simp�tico Alseth, 54 anos, gerente de plataforma de petr�leo, que passa o ver�o no condom�nio Recanto Zumbi, a 70 quil�metros de Natal, com a mulher, 53 anos, secret�ria. O casal procurou, achou e comprou sua primeira casa, em 2006, pela internet sem nunca ter posto os p�s no Brasil.


    "Gostamos tanto que compramos um apartamento para os nossos filhos. E j� trouxemos dois amigos", diz Alseth. Al�m do clima, o litoral do Rio Grande do Norte atrai europeus pela seguran�a relativa, em compara��o com Rio de Janeiro e Bahia, e pela maior proximidade com a Europa. Os reflexos da ocupa��o europ�ia est�o por toda parte. As casas t�m amplas janelas de vidro (as locais s�o de madeira) e, sempre, varandas bem grandes. "Os escandinavos s�o loucos por terra�o. Gostam de passar o dia inteiro tomando banho de sol", diz o arquiteto Alexandre Abreu, dono de um escrit�rio que hoje praticamente s� trabalha com im�veis para estrangeiros.


    Abreu enumera outras mudan�as construtivo-culturais: "Abolimos o chuveiro el�trico. Estrangeiros morrem de medo dele. O aquecimento da �gua tem de ser solar ou a g�s. E abolimos o quarto de empregada". Tamb�m chama aten��o a onipresen�a dos term�metros nas varandas, visto que os visitantes adoram checar a temperatura (e se maravilhar de ela ficar sempre entre 26 e 29 graus). Em Tibau do Sul, cidade perto do balne�rio de Pipa, Edilce Maria Rosa, dona de uma loja de moda praiana, exibe um estoque de biqu�nis G e GG. "Uns 90% do que vendo s�o nesses tamanhos. E elas ainda acham pequeno", ri.


    Tamb�m mudou o paradigma das sand�lias de borracha: "Agora, quase tudo o que encomendo � 40, 42". At� o modesto fogareiro usado para assar queijo de coalho tem uma vers�o melhorada no carrinho dotado de minichurrasqueira, com card�pio em ingl�s (o.k., tem pequenos erros, mas j� pensaram se fosse escrito em noruegu�s?). "Ningu�m compra se os espetos n�o estiverem embalados um a um e se eu esquecer de levar o baldinho de lixo", conta Ad�lson Bezerra, que na alta temporada vende 110 espetos de queijo, carne, frango, ling�i�a e camar�o por dia.


    De modo geral, os novos veranistas se esfor�am bastante para n�o viver em bolhas isoladas. "Estamos tentando aprender portugu�s, mas � muito dif�cil. Queremos poder conversar, porque todo mundo aqui � muito amig�vel", diz a norueguesa Liv Reithe, 67, que gosta de passear de bug-gy com o marido, o aposentado Tor Myhre, 69, pelas praias do litoral sul. A casa deles � uma das onze do condom�nio Colina dos Noruegueses, no balne�rio de Pipa, constru�do em 1995 pelo empres�rio Morton Bjornstad, um pioneiro na descoberta dos encantos locais.


    As �reas onde os estrangeiros mais acusam o choque cultural s�o sempre as mesmas: o lixo � vista, as estradas de terra e a pobreza dos vizinhos. "� chocante entrar numa casa sem saneamento b�sico, onde os moradores est�o sem comer", diz o arque�logo portugu�s Manuel Cid, dono de um apartamento de dois quartos no litoral norte.


    Segundo Marcelo Rosado, secret�rio estadual de Desenvolvimento Econ�mico, o movimento dos europeus para o Rio Grande Norte surgiu pelo mais antigo dos m�todos de divulga��o, a propaganda boca a boca. "Um turista foi chamando o outro e as vendas eram feitas para os conterr�neos", diz. No fim dos anos 90, o governo do estado passou a divulgar suas praias em feiras de turismo e tamb�m nas grandes feiras imobili�rias de Lisboa, Madri e Barcelona. "Um apartamento de tr�s quartos em uma boa praia da Espanha n�o custa menos de 600 000 reais. Aqui, um im�vel do mesmo tamanho e qualidade custa entre 150 000 e 200 000 reais", compara Taritza Puggina, gerente comercial em Natal do grupo espanhol Nicol�s Mateos, que construir� o Lagoa do Coelho Resort, no litoral norte.
    Jogadores brasileiros radicados na Europa identificaram a dupla oportunidade, como investidores e divulgadores. Ronaldo, do Milan, vai instalar uma escola de futebol no Grand Natal Golf; o colega Kak�, junto com um grupo italiano, lan�ou um complexo de quase 500 apartamentos na Praia de Ponta Negra, em Natal. Na mesma regi�o, Pel� associou-se a uma construtora da Para�ba para erguer o sinteticamente chamado King�s Flat, com quarenta apartamentos e sua real pessoa como garoto-propaganda. A fama do Rio Grande do Norte como terra bonita, barata e ensolarada avan�a sobre novas fronteiras.


    O Palmeira Golf Resort, em Puna�, a 5 quil�metros do mar e de frente para uma �rea de lagos, que ainda nem foi oficialmente lan�ado, ter� 2 069 casas e apartamentos para venda, prioritariamente, na Isl�ndia.

    Fonte: Revista Veja - 04/02/2008

 

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